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Seguradoras montam ‘operação de guerra’ para resgatar ilhados no Rio Grande do Sul

Casas inundadas perto do rio Taquari após fortes chuvas na cidade de Encantado, no Rio Grande do Sul (REUTERS/Diego Vara)

Contar os mortos, resgatar desaparecidos e encontrar abrigo para quem perdeu tudo. O Rio Grande do Sul está literalmente inundado na pior tragédia climática dos últimos 83 anos, com a capital, Porto Alegre, e 235 municípios tomados por lama — um cenário de terra arrasada que reforça como as tempestades formadas pela desordem do clima estão mais fortes e recorrentes no Brasil.

O próprio estado gaúcho enfrentou, no passado, um ciclone que arrasou cidades e matou 31 pessoas. Na tragédia de agora, o número de mortos já alcança 39 registros, com 68 desaparecidos e 32 mil pessoas fora de suas casas, segundo números mais atualizados da Defesa Civil.

A dimensão da tragédia climática nunca antes vista em uma parte do território brasileiro forçou o adiamento do maior concurso público do governo federal, que seria realizado neste domingo (5) por 2,1 milhões de inscritos. Até a chuva dar trégua, a vida seguirá em emergência porque muita gente ainda precisa de ajuda para deixar locais próximos e mais vulneráveis a deslizamentos de terra, rompimento de barragens e alagamentos.

E nessa força-tarefa, além dos órgãos públicos do governo, as seguradoras se fazem presente para prestar assistências de toda a ordem a segurados. A Allianz Seguros diz ter reforçado sua estrutura de atendimento nas regiões afetadas, com equipes de assistência 24h que seguem nos locais desde 27 de abril.

A Tokio Marine afirma que vem priorizando os atendimentos aos clientes por meio de equipes especializadas que estão em contato direto com os corretores locais por aplicativo de mensagens para identificar os casos que exigem rápida intervenção e garantir o pagamento imediato das indenizações devidas.

A seguradora afirma que, assim que for possível ter acesso por terra aos locais mais atingidos, deslocará de São Paulo especialistas para auxiliar o trabalho das equipes locais nas avaliações de perdas de carros e avarias em casas e estabelecimentos comerciais com seguro contratado.

A Bradesco seguros diz que atua com guinchos e carros de apoio à população nas cidades da região. Santa Cruz do Sul, São Leopoldo, Caxias do Sul e Porto Alegre são as com mais chamados para a seguradora, que reforçou a sua equipe para atendimento.

“Realizamos a Operação Emergencial desde 2015 para os nossos clientes dos seguros auto e residencial. Trata-se de uma força-tarefa, mobilizada em caráter especial e com contingente reforçado para atender aos segurados da melhor forma possível”, acentua Carlos Oliva, superintendente de operações da Bradesco Seguros.

Na Mapfre, entre as medidas adotadas estão o atendimento prioritário aos clientes atingidos, com a implementação de um sistema de troca de informações em tempo real, que agiliza a identificação de sinistro (quando o risco previsto no contrato se concretiza, gerando o direito à indenização). A seguradora diz que também flexibilizou algumas regras de reembolso com pagamento integral de acordo com a nota fiscal emitida para garantir uma solução rápida às necessidades dos segurados. “Embora a companhia tenha observado um aumento nos acionamentos, ainda não dispomos de um balanço sobre a volumetria de atendimentos realizados até o momento”, diz Roberto de Antoni, diretor de operações da Mapfre.

Eventos climáticos recorrentes

Evento climáticos extremos, como os registrados no Sul no país, têm sido cada vez mais frequentes. De acordo com o Relatório de Riscos Globais 2024, publicado pelo Fórum Económico Mundial em colaboração com Marsh McLennan e a seguradora Zurich, a maioria dos riscos futuros são de natureza ambiental, o que pode levar a sinistros de seguros maiores e mais frequentes.

Outro estudo, da Guy Carpenter, baseado em experiências de perdas com riscos climáticos na Ásia-Pacífico, mostra que a crescente frequência de catástrofes naturais pode provocar aumentos nos custos devido à grande procura por materiais para reconstrução após um evento de destruição.

No Brasil, a CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras) encaminhou ao Congresso Nacional um projeto de lei que busca criar uma espécie de seguro social para atender a população afetada por desastres naturais. O texto do projeto de lei prevê direito à cobertura de bens e auxílio funeral decorrentes de eventos naturais relacionados às catástrofes como chuvas, enxurradas e deslizamentos, sendo essas ocorrências reconhecidas como calamidade pública pela autoridade competente da localidade afetada.

Durante a apresentação do PL, Dyogo Oliveira, presidente da CNseg, lembrou que em todo o mundo, no ano passado, as catástrofes naturais geraram US$ 380 bilhões em prejuízos, sendo que deste total, apenas US$ 118 bilhões tinham seguros. Foram 95 mil vítimas fatais e 24 países com anomalias de temperaturas, sendo que 2023 foi considerado o ano mais quente já registrado na história.

No Brasil, segundo Oliveira, foram contabilizados cerca de 3 eventos climáticos significativos por dia em todo o país em 2023. Mais de meio milhão de pessoas foram forçadas a sair de suas casas em razão de eventos climáticos e 70% das perdas provocadas por desastres naturais nos últimos 10 anos foram registradas de 2020 a 2023, o que confirma a aceleração dos efeitos da mudança climática.

Qual é o papel do seguro?

Julio Tenreiro, diretor da Korsa Riscos & Seguros, diz que o seguro contra eventos climáticos pode ter papel fundamental na proteção de danos materiais e corporais causados pelos impactos adversos do clima. Ele elenca alguns pontos importantes:

Danos materiais: Os eventos climáticos extremos, como tempestades, furacões, tornados, enchentes e secas, podem causar danos significativos às propriedades e às instalações das empresas ou residências de uma determinada região. Os seguros contra eventos climáticos ajudam a transferir os prejuízo causados por esses danos, fornecendo indenizações para reparos ou substituição de propriedades e bens danificados.

Prejuízos financeiros: Os seguros que possuem cobertura contra eventos climáticos ajudam a reduzir os prejuízos relacionados a possíveis perdas causadas por condições climáticas. Isso pode ajudar a evitar perdas financeiras importantes ou mesmo a paralização das operações da empresa durante momentos de crise.

Gerenciamento de riscos: Os seguros contra eventos climáticos podem incentivar a implementação de medidas de mitigação/gerenciamento de riscos, como a construção de instalações mais resistentes a tempestades e/ou enchentes, ou instalações de sistemas protecionais, o que pode reduzir os danos causados por eventos climáticos extremos.

Estabilidade econômica: Os seguros contra eventos climáticos também contribuem para a estabilidade econômica, fornecendo um mecanismo de segurança financeira para indivíduos e empresas afetados por desastres naturais. Isso pode ajudar a minimizar os impactos negativos na economia local e nacional, permitindo uma recuperação mais rápida e sustentável.

“Do ponto de vista do resseguro, podemos estimar o impacto direto da catástrofe nas linhas de danos patrimoniais causados por enchentes e alagamentos. Além disso, é provável que a cobertura de lucros cessantes seja acionada, uma vez que a retomada das operações pode levar meses para ocorrer”, comenta afirma Pedro Farme, CEO da corretora de resseguros da Guy Carpenter no Brasil.

Ele lembra que outro setor naturalmente afetado é o de seguros de vida, com o número de óbitos alcançando dezenas de registros. “Por outro lado, esperamos um impacto mínimo no setor agrícola, dado que a colheita (em especial de arroz e soja) já foi realizada. No entanto, efeitos secundários podem ser esperados advindos em geral de armazéns e silos”, afirma.

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